A Câmara da Guarda decidiu não realizar este ano a Feira Ibérica de Turismo (FIT) por representar um investimento calculado superior a 1,1 milhões de euros e não existirem garantias de financiamento, disse ontem o seu presidente.
“Este ano, não vai haver FIT. O município da Guarda não pode despender mais de 1,1 milhões de euros na FIT, sem que haja um financiamento musculado para a mesma”, afirmou hoje o autarca independente Sérgio Costa (Movimento Pela Guarda).
O autarca falava aos jornalistas, à margem da reunião camarária quinzenal, depois de o executivo que lidera ter auscultado os vereadores da oposição sobre o assunto.
Segundo Sérgio Costa, os eleitos do PSD não se pronunciaram, alegando que a decisão era da responsabilidade do executivo, e o vereador do PS considerou que os valores eram “muito elevados em função de outras necessidades que a Guarda tem”.
Explicou, ainda, que em 2019, a FIT custou mais de 750 mil euros aos cofres do município e sem qualquer financiamento e, este ano, o executivo pediu uma orçamentação aos técnicos e os valores apontam para um valor que “já ultrapassa 1,1 milhões de euros”.
“Não temos, ainda, qualquer garantia sobre se no futuro quadro comunitário de apoio, no Portugal 2030, que ainda não iniciou, como bem sabemos, se haverá financiamento para isso. Mas, até lá, seja com este modelo, seja com outro modelo mais ibérico, seja qual for, sem financiamento, nós não podemos fazer a FIT nestes moldes”, justificou.
E acrescentou: “Quando nós temos uma Avenida de São Miguel a necessitar com urgência de ser requalificada, quando temos o Bairro do Bonfim no estado calamitoso que temos, quando temos necessidade de reabilitar as nossas infraestruturas desportivas, como é sabido de todos, quando nós temos o aumento exponencial da inflação, um aumento brutal das despesas correntes com a energia, com os combustíveis, com a alimentação para os nossos refeitórios, (…) nós não podemos fazer uma feira com esta envergadura, por estes montantes”.
O autarca disse que gostaria de estar a anunciar que o município da Guarda iria fazer a FIT nos dias indicados e com a envolvência pretendida, mas a autarquia que lidera “não pode despender de 1,1 milhões de euros”, valor calculado neste momento, para realizar o certame anual dedicado ao turismo ibérico.
“Nós não podemos fazer tamanha despesa quando temos tantas outras coisas [para fazer] na nossa cidade, [e] que é exigido por toda a população. E, por isso, nós tomámos esta decisão e esperemos num futuro próximo podermos encontrar outras formas de parceria e fontes de financiamento para fazer a FIT, porque o município, sozinho, com a sua tesouraria, não pode despender anualmente de mais de 1,1 milhões de euros para fazer a FIT”, rematou.
O presidente do município da cidade mais alta do país admitiu, ainda, que o executivo gostaria de fazer a FIT, por considerar que se trata de “uma marca importante”, mas tem um impacto financeiro “muito, muito, mas mesmo muito elevado”.
A edição de 2023 da FIT estava agendada para decorrer entre os dias 28 de abril e 01 de maio.
A feira, que tem por lema “Uma feira. Dois países. O mundo”, era organizada desde 2014 pela Câmara Municipal da Guarda, no Parque Urbano do Rio Diz, mas já não se realiza desde 2020 devido à pandemia.
Fonte: Lusa