Queima do Judas ainda é tradição em Trancoso no domingo de Páscoa

Boneco pendurado a deitar fumo

O Município de Trancoso vai realizar no domingo de Páscoa, dia 9 de abril, a tradicional “Queima do Judas”, no Largo do Campo da Feira.

Segundo a autarquia, as comemorações iniciam-se pelas 15h30, com animação de rua e o momento emblemático da quadra pascal, a “Queima do Judas” será às 16 horas, onde a animação de rua continua durante a tarde.

Trata-se de uma tradição com características satânicas que perdura há vários séculos, mantendo vivo o espírito com que foi criada.Personificado por um tosco boneco que é ciclicamente imolado num auto-de-fé popular, a insólita “queima do Judas” concretiza ainda uma inegável sátira à abstinência quaresmal que, na morte dos iscariotes, encontra a vingança há tanto tempo ansiada.

No fundo, é um espetáculo, com matiz pirotécnica em que o boneco é julgado e enforcado, explodindo depois no Largo da Feira, onde é suspenso de uma árvore perante a assistência que teima em manter esta tradição, de pendor judaico-cristão, retomando, desta forma, ritos ancestrais que têm a haver com o fim do ano velho e o início da Primavera.

A Queima do Judas incorpora a personalização das forças do mal e constitui vestígio de cultos ancestrais ligados à Agricultura. Alguns autores atribuem-no mesmo ao Celtas mas é repetido e com várias características próprias em muitas partes do mundo.

A alegria e a festa no início e fim das colheitas são realizadas para obter melhores resultados nos trabalhos do campo.

O manequim, aliás, o Judas, representa o deus da vegetação em que, por magia, o fogo significa o sol e o processo se destina a garantir às árvores e plantações o calor e a luz indispensáveis, submetendo a figura ao poder das chamas.

O sacrifício do mau apóstolo é, então, uma convergência de tradições vivas no trabalho agrícola. O julgamento do Judas, sua condenação e execução é motivo de festejo da comunidade trancosense que vê nesta festa a expiação dos males, a esperança de boas e novas colheitas ou apenas o cumprir de mais uma tradição que não quer deixar perder no esquecimento.

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