O Município da Guarda e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) assinaram, na quarta-feira, 26 de novembro, um protocolo que visa apoiar a despoluição, reabilitação e valorização dos rios Noéme e Diz. O investimento total ascende a 1,2 milhões de euros e integra o programa das comemorações do 826.º aniversário da cidade da Guarda. Ao abrigo do programa “Água que Une – PRORIOS 2030”, a APA financiará 700 mil euros do projeto e prestará apoio técnico à intervenção.
A operação, uma das maiores ações ambientais das últimas décadas no concelho, abrange 33 quilómetros de domínio hídrico, atravessando freguesias, áreas agrícolas, património natural e zonas de recreio, com impacto direto na vida de milhares de habitantes. O protocolo foi assinado pelo presidente da Câmara Municipal da Guarda, Sérgio Costa, e pelo presidente da APA, José Pimenta Machado, numa cerimónia realizada na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço.
O projeto contempla ações de renaturalização das margens, estabilização de taludes, eliminação de espécies invasoras, recuperação da galeria ripícola e criação de zonas naturais de infiltração de água, reduzindo riscos de erosão, cheias e perda de biodiversidade. Inclui ainda a melhoria de caminhos com soluções sustentáveis, instalação de sistemas de monitorização contínua dos ecossistemas e iniciativas de educação ambiental. A execução, fiscalização e gestão administrativa da intervenção ficará a cargo do Município da Guarda.
Durante a sessão, Sérgio Costa destacou a importância dos rios para a identidade e memória do território, defendendo que estes devem tornar-se espaços resilientes e aptos a enfrentar os desafios climáticos. O autarca reforçou a intenção de envolver a comunidade escolar, associações, agricultores, pescadores e voluntários na recuperação. “Queremos que cada escola conheça os seus rios e que os guardenses sintam que este projeto lhes pertence”, afirmou.
Por sua vez, José Pimenta Machado sublinhou o potencial ecológico dos rios Diz e Noéme e a necessidade de os recuperar após longos anos de agressões ambientais. O responsável alertou ainda para a importância da gestão inteligente da água face ao aumento de fenómenos de seca, bem como para a necessidade urgente de melhorar a separação de resíduos urbanos, lembrando que os aterros estão próximos do limite da sua capacidade.
A intervenção avança poucos meses depois de o Município ter eliminado o principal foco de poluição dos dois cursos de água, que persistia há 24 anos. Em janeiro, a autarquia cumpriu uma ordem do Tribunal Administrativo e Fiscal de Viseu e procedeu ao tamponamento de um coletor de águas residuais que contaminava os rios, abrindo caminho ao processo de reabilitação agora formalizado.